quinta-feira, 7 de março de 2013

PASTAGENS DO RELENTO - XII - CHUVA DA VIDA

Está um dia de chuva!
Chove e não sei o nome da chuva.
Tudo é esta realidade de não ser a realidade 
que a realidade da sede bebe
em nome do nome que desconhece
ou será o seu nome e o meu, que é simples e real,
o concreto de um desconcerto
em que se conserta o concerto que sou
eu, e a chuva que me acena do outro lado da rua
que não é o meu
porque, eu, chuva que não se ouve, nem se vê
sou a rua do mundo que não é mundo,
é tudo o que sou na rua da chuva
que, em sons de alfabeto mudo,
escreve a realidade do tempo
em que eu não calo a boca sedenta,
nem este corpo de chuva que vagueia
entre a astúcia e a audácia
de ser uma ideia imaginária na realidade da imaginação
ou a imaginação ideária da chuva que é real
mas passageira no estado liquido
desta solidez que a conforta
como se os sorrisos de uma infância perdida
desaguassem na chuva da vida
água que bebo para crescer por dentro
da chuva que, sem idade, me sofre, inteiro,
para alimentar as partículas deste universo
que sou, eu, chuva de tudo o que é mais doce.    
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Escrito e postado, directamente, no blogue, em 07 de Março de 2013, na Biblioteca Nacional de Lisboa, entre as 15H52 e as 16H20.

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